sexta-feira, 23 de abril de 2010

'Alice no País das Maravilhas'


No filme Alice (Mia Wasikowska) é uma jovem imaginativa de 19 anos. Ela nunca se lembrava de ter ido ao País das Maravilhas antes, mas este sempre estava presente num sonho que tinha desde pequena.

Após alguns anos do seu pai, único que compreendia sua imaginação, ela é pedida em casamento por um lorde.

Sem saber o que fazer, Alice acaba seguindo um coelho de terno e descendo pela sua toca acaba chegando no País das Maravilhas (nessa versão ‘Mundo Subterrâneo’), que está sob o jugo da tirânica Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter) e de seu “fiel” Valete (Crispin Glover). Alice descobre que é seu destino ajudar os estranhos e loucos habitantes do País matando o Jabberwocky (uma espécie de dragão) e tirando do trono a então rainha e devolver o reino à bondosa Rainha Branca (Anne Hathaway).


A história do filme é meio corrida, e acaba não nos envolvendo tanto quanto outros filmes do diretor Tim Burton, como ‘Edward Mãos de Tesoura’ e ‘O Estranho Mundo de Jack’ (nesse úlmito ele é somente produtor e criou a história de base e os personagens, e é dirigido por Henry Selic); além de ser um pouco previsível. Não que a história seja ruim, mas não chega a empolgar, e essa nova versão que pega elemento dos dois livros de Lewis Carroll que falam de Alice (‘Alice no País das Maravilhas’ e ‘Alice Através do Espelho’), uma releitura, é a meu ver melhor que a animação da Disney de 1951, mesmo que a animação nos envolva mais com a protagonista.


Mas o filme é visualmente perfeito e tecnicamente ótimo. A direção de arte do longa é impecável, os cenários estão muito bem feitos, e esses sim nos levam para o País das Maravilhas
, apresentando ao mesmo tempo tons mais coloridos e mais sombrios. A fotografia do filme também está muito bem feita. Os figurinos estão ótimos, dando destaque para a roupa do Chapeleiro Maluco e dos vários vestidos usados por Alice ao longo da história. A trilha sonora composta por Danny Elfman, grande parceiro de Burton em seus filmes é ótima, empolgante nas cenas de luta e mais sombria (pois já é) quando necessária. Senti falta dos créditos iniciais que aparecem muito no filme do diretor, e são muito bons (vide ‘Edward’ e ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’), e poderia render um ótimo passeio inicial pelo País das Maravilhas. Os personagens computadorizados estão muito bons, mas os que misturam live-action com computação gráfica não ficaram muito bons (é o caso do Valete).


Em relação ao elenco, Mia Wasikowska, interprete da personagem-título, não atua bem e não tem carisma. A atriz não funciona como Alice, e também tem culpa por sua personagem não nos envolver com a personagem da animação clássica. Johnny Depp (‘Piratas do Caribe’) não aparece tanto quanto o marketing sobre ele supunha, e parecia até que o filme seria ‘Chapeleiro Maluco no País das Maravilhas’; mas a presença do ator é muito boa no filme, e destaco o momento em que o Gato se despede do chapéu que o personagem de Depp usa, e a cara dele é simplesmente perfeita!


Helena Bonham Carter (‘Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet’) fica perfeita no papel da Rainha Vermelha, com o seu “cortem as cabeças”, sendo pra mim a responsável pela melhor atuação no filme. A atriz dá o tom perfeito para o personagem, que apesar da sua crueldade, nos mostra um personagem cheio de conflitos e chega até a ser carismática de um jeito diferente. Crispin Glover também faz bem com seu personagem, o aproveitador Valete Stayne, tendo uma ótima química com Bonham Carter. Mas Anne Hathaway (‘O Diabo Veste Prada’) decepciona com a sua Rainha Branca (que parece uma clássica princesa da Disney, mas também louca), não dando o melhor que já mostrou que pode dar...


A dublagem original de alguns personagens computadorizados também é muito boa. Dando destaque para Alan Rickman (‘Harry Potter’) como a lagarta azul Absolem e Stephen Fry como o Gato. Há também a pequena e ilustre participação de Christopher Lee (‘Star Wars’) como Jabberwocky.


Durante o filme há vários elementos clássicos de Tim Burton no filme. Ele consegue transmitir sua excentricidade através das loucuras e peculiaridades do Chapeleiro, do Gato, dos Gêmeos Tweedle e da Rainha Branca (na verdade, todos os personagens tem sua loucura). Há também elementos do cenário, como o rio com as cabeças que foram cortadas a mando da Rainha Vermelha , as “deformidades” da corte da Rainha Vermelha e até as árvores retorcidas. Há também a escultura da cabeça da Rainha Vermelha na grama, que além de mostrar mais ainda seu ego, remetem diretmente a 'Edward'!

A obra clássica Carroll parece ter sido feita especialmente para Tim Burton adaptar. O estilo meio sombrio do diretor combina com o tom também ‘meio sombrio’ que o autor põe no seu livro.


O 3-D do filme poderia ser melhor, e se baseia muito no ‘arremesso de objetos na cara do espectador’. Mas terceira dimensão também é bem usada, principalmente nas cenas que acabam dando o enfoque maior ao País das Maravilhas. Afinal, o 3-D devia ser mais usado como uma ferramenta para perceber mais detalhes nas paisagens, que tivesse uma maior importância na história.


O filme é melhor visualmente do que por sua história em si. Mas vale a pena conferir e se maravilhar com a arte visual que o longa propões, e também aproveitar a história até onde ela pode nos oferecer. Nota 7 (de 10).


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